quarta-feira, 20 de maio de 2009

Entrevista a Rui Guimarães


Rui Guimarães é um jovem treinador português, de apenas 24 anos, mas já com alguma experiencia no ramo do treino. Aos 24 anos Rui Guimarães já possui também alguma experiencia internacional, passando já pelos campeonatos da Suíça, Itália, Roménia e Grecia.
Como na minha opinião é um exemplo para os jovens treinadores, que sonham com uma carreira internacional, de que com dedicação, actualização constante e ambição nada é impossível, resolvi entrevista-lo.

Como surgiu o primeiro convite para seres treinador de futsal??

O 1º convite foi uma mera casualidade, terminei a minha formação como atleta do FC Vizela (Futebol de 11) e inicialmente convidaram-me para director da equipa de Juniores da Fundação Jorge Antunes. Mas, nesse mesmo ano um treinador do clube foi castigado pela Associação com 1 ano de suspensão e o clube prescindiu desse técnico. Posteriormente convidaram-me para treinar a equipa de Iniciados, sendo que aceitei.
Para ti qual foi a maior dificuldade nos primeiros tempos de treinador??

Inicialmente as dificuldades foram em todos os sentidos, pois foi uma experiência nova para mim. Mas com o desenrolar do tempo fui-me actualizando e nessa mesma época vou realizado um belo trabalho.

O que achas do futsal formação em Portugal??

Actualmente está num nível muito bom e que me agrada, está muito diferente de à 4 ou 5 anos atrás. Só não me agrada na formação os actuais quadros competitivos e o excesso de brasileiros que algumas das equipas participantes na Taça Nacional de Juniores “A” possuem nos seus planteis.

Como te defines enquanto treinador??

Defino-me como um treinador moderno, constantemente em actualização e que sempre possuí uma grande relação com todos os atletas que fui treinando ao longe destes anos (que é algo muito importante para o sucesso!).

Qual foi a tua vitoria mais saborosa de sempre??

É complicado de responder, mas o meu primeiro título nacional, ao serviço dos Juvenis da Fundação Jorge Antunes é algo que nunca esquecerei. Depois de uma vitória em Vizela por 4-1, no Ladoeiro, num clima de enorme tensão vencemos por 5-2 e realizamos uma exibição de muito bom nível.

O que pensas-te quando tives-te o primeiro convite para treinar no estrangeiro??

É algo memorável, pois é a sensação de que o nosso trabalho está a ser reconhecido e que as pessoas depositam enormes confiança no nosso trabalho. E mais difícil, é acontecer esses convites a um jovem como é o meu caso.

Que repto lanças aos jovens treinadores que ambicionem uma carreira internacional??

Que sejam ambiciosos, que nunca se iludam e que sobretudo não tenham receio de arriscar. Aliás, reconheço e com muito prazer que actualmente no nosso país há muitos jovens treinador com um enorme potencial.

Para terminar, o que achas deste blog de futsal???

Penso que é um blog muito interessante, que aborda vários aspectos da modalidade e que vale a pena acompanhar e visitar. Aliás, blogs deste gênero fazem falta para a nossa modalidade ter um crescimento sustentado no nosso país.
Resta-me agradecer a entrevista e desejar a melhor sorte do mundo nesta carreira internacional.
Quem quisser saber mais deste jovem treinador:
João Lino

Ganhar ou Formar?!


"Estamos hoje em dia inseridos numa modalidade em franca ascensão mediática e que além da modalidade de pavilhão com mais atletas federados, é a mais praticada em Portugal (se somarmos aos Profissionais, os Semi-Amadores e Amadores). Mas, rapidamente este cenário poderá mudar se não formos nós, Dirigentes, Treinadores, Atletas, Pais de Atletas e Amigos do Futsal a levarmos a modalidade para onde ela deve caminhar.É neste contexto que nasce nos Dirigentes e nos Treinadores de escalões de formação o Paradigma básico da sua existência:


Ganhar ou Formar?


Para mim a resposta é óbvia e única, Formar Ganhando.

Custa-me observar um jogo de formação e ver jovens praticantes semana após semana, treino após treino a não terem a sua oportunidade para demonstrarem o seu valor, que ainda que pequeno se baseou num esforço provavelmente maior do que o praticante mais dotado ou que é mais opção do treinador. Digo-o porque enquanto treinador de formação já o fiz, e hoje sei reconhecer o quanto errei. Se por um lado fiz de uma equipa campeã, por outro acabei com os sonhos de tantas crianças que a única coisa que me pediam treino após treino, jogo após jogo eram alguns minutos para se sentirem parte integrante de algo que para eles era tão importante.Ao jovem que se iniciou na modalidade quantos treinadores já se preocuparam em ensinar as regras do Futsal, os conceitos básicos do passe e da recepção, a movimentação típica num jogo de Futsal, etc, etc, etc…? Quantos Dirigentes já se preocuparam em perceber o envolvimento social e humano do jovem praticante? Quantos pais já se preocuparam na realidade com a formação desportiva dos seus filhos em vez de quererem à força terem em casa um Falcão? É disto que estou a falar! Isto é formar, ou é acumular com a mesma virtuosidade as frustrações de crianças e o pó nas taças da vitrina?Até que ponto é importante sacrificar a formação em prol de uma vitória? Existem treinadores de formação que o que desejam é vencer a qualquer custo, se for preciso sem se preocuparem em perder dois ou três jogadores apenas porque não têm tempo para perder (ou a ganhar) em explicar mais algumas vezes a um atleta que naquele momento se mostra menos disponível ou menos dotado. Mas o que ganham com isso? Uma Taça, um conjunto de medalhas? É verdade, mas ganham também uma lista infindável de atletas que desistiram da modalidade apenas porque alguém subverteu o que parecia obvio, fazerem todos parte integrante de uma equipa.Ao jovem praticante, e desde muito cedo, depois de ensinar as regras do jogo, os conceitos do mesmo, os modelos e tácticas possíveis, devemos todos (Dirigentes, Treinadores e Pais) explicar o conceito de equipa, e além disso exemplifica-lo, como? Treinando, Explicando as vezes necessárias o que é pretendido, mostrar com todos os meios e argumentos as virtuosidades da modalidade… e obviamente, Jogando.Estou seguro que qualquer treinador de formação se sentirá muito mais realizado com um, apenas um jogador, que tenha chegado no inicio de época à equipa sem saber fazer um passe, e que no final seja uma opção de treino, jogo e saiba as regras e conceitos da modalidade, do que qualquer Taça ou medalha de Campeonato. Só assim a modalidade seguirá o seu caminho, e só assim teremos no futuro aquilo que sempre ambicionámos, o Futsal ganhar o seu espaço.Deixo um pensamento que li em tempos:“O ensinar de uma prática desportiva vai muito para além da complexidade de ensinar os fundamentos da modalidade. Desde logo o ponto de partida deve ser o do ensino da Formação Cívica, Humana, do Carácter e do Relacionamento Interpessoal.Assim, o Treinador precisa de ser muito competente do ponto de vista Técnico, mas também assume um papel fundamental o Ponto de vista Humano.


Na compreensão destas duas importantes condicionantes, o Treinador concluirá que deve estender o seu conhecimento a todos os seus Atletas, e não apenas aqueles que para si, naquele momento, lhe parecem os mais talentosos... "


Rodrigo Pais de Almeida