terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Processo de treino II ( Divisão do treino )


Outro factor que acho muito importante processo de treino, é ele ser variado, dinâmico e existir momentos de descompressão (brincadeira) alternados com momentos de alta concentração.
Todo o processo de treino que a equipa técnica a que pertenço dirige, divide-se em 7 partes:

Aquecimento sem bola :
Este aquecimento sem bola consiste em 2 pontos, o primeiro em aquecer todas as articulações especificamente e o segundo em dar aos jogadores uma educação em treino de que não se deve fazer exercícios de grande amplitude sem aquecer-se bem, algo que com bola normalmente leva a excessos por parte dos jogadores.
Parte lúdica :
Esta parte consiste em dar uma pouco mais de alegria ao treino, evoluindo a interacção entre jogadores, aumentando o espírito de grupo e funcionando como um suplemente do aquecimento inicial. Nesta parte pode-se por exemplo jogar rugby, jogar á apanhada, jogar andebol, basquetebol, futvolei, etc etc

Aquecimento com bola\ Apurar a técnica:
Aqui já entra a tão desejada bola de futsal, apura-se o passe, a recepção, remate, drible, finta etc etc

Trabalho táctico:
Aqui trabalha-se todos os fundamentos tácticos em aprendizagem no dia.

Jogo:
Aqui dividimos em 3 partes, na fase inicial trabalha-se o conteúdo táctico anteriormente dado, na segunda parte cada equipa é livre de escolher dentro dos sistemas tácticos dados o que se adapta melhor para contrariar a outra equipa e vice versa ( parte importante para os jogadores puxarem pela cabeça e mecanizarem conteúdos usando a experiência adquirida), e a ultima parte, jogo livre, em maior descontracção.

Parte física localizada:
Aqui vem o trabalho físico mais localizado a nível muscular, trabalhando-se os gémeos, quadricipedes, abdominais, peitorais e braços.

Alongamento:
Fase final do treino, descompressão e importante para ajudar a remoção do acido láctico que se acumula nos músculos, evitando as dores musculares que muitos jogadores sentem nos dias seguintes aos treinos.

Com este processo de treino conseguimos no geral focar todos os pontos importantes, podendo sempre dar mais ou menos minutos conforme a necessidade a algumas partes, ou trabalhar a maior parte do plantel geral e alguns jogadores mais específicos com o técnico específico.
Manter uma concentração saudável, alegre e dinâmica é fundamental para uma aprendizagem mais rápida.

João Lino

6 comentários:

Telmo Silva disse...

Sobre a organização da sessão em si, é um ponto que não está certo nem errado, depende muito da visão do próprio treinador, dos objectivos, tempo da sessão, condição física e psicológica dos jogadores, etc...

Quanto ao que referiste na situação de jogo, o tal "jogo livre", acho que toda a situação de jogo feita no treino deve ser em respeito ao modelo de jogo definido. A partir do momento que se pede para ignorar o modelo de jogo e jogarem livremente, ocorre como que uma "desaprendizagem" dos aspectos técnico-tácticos abordados anteriormente porque em toda a situação de jogo (quer seja a sério ou não) há uma aquisição de experiências específicas às quais nos adaptamos constantemente, e essas adaptações quando descontextualizadas de um modelo de jogo podem entrar em conflito com o próprio modelo de jogo idealizado pelo treinador.

Quanto ao trabalho muscular, os quadricípetes e gémeos não carecem de 'sobrecarga' se o treino tiver uma intensidade adequada. Esses são grupos musculares que são solicitados desde o início até ao fim da sessão e mexendo com a intensidade e duração (volume) do treino, escusamos de fazer trabalho 'extra' que iria "roubar" tempo de treino. Quanto aos abdominais concordo plenamente dado que são bastante úteis para evitar por exemplo as pubalgias, já os bicípetes/tricípetes e peitorais, NO MEU VER, não trazem benefícios ao rendimento do atleta (excepção feitas aos guarda-redes com as reposições de bola).

Quanto ao resto, estou de acordo. A parte lúdica acho importante mas entendo que se deve fazer sempre num sentido de melhorar as capacidades do jogador quer sejam posicionais, técnicas, etc. utilizando por exemplo adaptações de outros desportos (em equipas não profissionais é preciso assegurar que os jogadores não se 'cansem' de futebol/futsal), não descorando uma política de empenho e dedicação.

Anónimo disse...

caro amigo,

acerca do teu post, tenho algumas opiniões..
Eu divido o trabalho em 3 partes mto simples:
- Aquecimento;
- Parte fundamental;
- Parte final.
no entanto, talvez a parte final que é composta pelo retorno à calma, alongamentos e reforço muscular localizado (tronco e membros superiores) é a única q n está directamente relacionada com o modelo de jogo.. Aquecimento e parte fundamental, devem na minha opinião estar em consonância com o modelo de jogo.

Assim, no aquecimento, pq não utilizar já exercícios que solicitem aspectos tácticos do modelo de jogo, mas numa vertente lúdica? Pq não incluir já a bola de futsal no aquecimento? mais, o aquecimento pode servir como consolidação dos conteúdos abordados. Sou da opinião que através do jogo nas suas diversas formas, rentabilizas melhor o tempo q tens disponível p o treino!!!

Na parte fundamental visa-se continuar a desenvolver o teu modelo de jogo e a introdução de novos conteúdos, mas com uma diferença: intensidade e concentração. As solicitações cognitivas dos exercícios podem, nesta altura, ser maiores, assim como a intensidade de esforço. um aspecto a reter: os factores de treino n devem ser dissociados!!

Mais, o reforço muscular deve ser, na minha opinião, um complemento do treino. no início ou no final. Durante a parte fundamental e numa equipa q treina, por ex, 3x / semana, prefiro dar mais tempo à aprendizagem de conteúdos tácticos e do modelo de jogo.

Por último, em todas as sessões de treino deve existir jogo formal. Agora, a forma como os teus jogadores encaram esse jogo formal, é da responsabilidade do treinador... Liderança e clarificação de objectivos dos exercícios!!!

Vá, um abraço.

TRK

Anónimo disse...

Em primeiro lugar gostaría de dizer que não concordo nada com essa divisão de tarefas a não ser que seja apenas uma forma de organização do treinador para planear o treino. Após isso, todos os exercícios deverão conter todos os aspectos do jogo dando-se mais preponderância a determinados aspectos em função dos objectivos a atingir. Um aspecto que considero fundamental e que não está referido é a capacidade de tomada de decisão dos jogadores. Todas as solicitações de treino deverão estar sempre contextualizadas obrigando os jogadores a direccionarem a sua atenção para a informação que está disponivel a cada momento e sobre a qual eles intervêm.
Treinar (o gesto) passe ou remate isoladamente não é concebivel, pois este é resultado de um processo bem maior que o simples gesto. Este processo, juntamente com o modelo de jogo definido(que não deve ser rigido, mas definindo os principios de actuação com várias soluções) permitirá desenvolver uma melhor coordenação entre os jogadores, bem como uma maior capacidade de interacção nas diferentes situações.
Quanto ao jogo formal, se todos os exercícios realizados forem pequenas partes do jogo, ou situações representativas do jogo, não esquecendo o todo, não é necessário realizar sempre "jogo formal", pois ele está sempre a acontecer nas suas diversas partes. Para além disso, não se consegue controlar tão bem alguns dos aspectos pretendidos fruto da maior dinâmica existente em relação a exercicios mais balizados. É importante realizar jogo formal mas isso não é tudo!

Parabéns pela iniciativa

Boa sorte

danitri.® disse...

Muito bom Blog. Parabens.

João Lino disse...

Caros amigos é nesta variedade de opiniões que está o ganho deste espaço, não entrando muito pelos metodos de cada um, acho importante este variar de opiniões, até porque ninguem tem que ser copia de ninguem e deve planear as suas proprias orgranizaçoes apoiadas nos seus ideais.
Divido acima de tudo nessas partes porque percebi que o treino mais geral nao colmatava algumas fragilidades de alguns jogadores, e o treino mais especifico ja as combate com maior eficacia.
Tambem concordo que o trabalho tecnico deve ser acompanhado de situaçoes de jogo, e nunca disse o contrario aqui.
Quanto ao jogo mais relaxao, continuo a achar importante, na fase final, num ambiente mais de festa para descompressão, mas sao opinioes, metodos e devem ser respeitados.~

Abraço a todos

Anónimo disse...

Ola. Aconselho a leitura dos livros "Porque tantas vitorias" e "O desenvolvimento do jogar, segundo a periodização táctica". Ao dividir para melhor chegar onde se pretende é tirar a essencia daquilo que se dividiu. O jogo é um organismo vivo e como vivo que é se retirar algo para ser melhor trabalhado morre. É tal e qual um ser humano, se tirarmos orgaos vitais para a nossa sobrevivencia morremos.Bjs.